Portugal nasceu no norte. Foi na região Porto e Norte que os portugueses começaram enquanto povo e nação. Aqui aprendemos o valor da diferença mas também a complementaridade das culturas.
O Porto, cidade Património Mundial, é a grande porta de entrada e pode ser ponto de partida para uma viagem pela diversidade natural e cultural da região. É conhecido pelo vinho que daqui parte para todo o mundo, mas também pela Escola de Arquitetura, donde saíram os nomes de Álvaro Siza Vieira e Souto de Moura, ambos Prémios Pritzker. E ainda por um património que sabe combinar a antiguidade de igrejas e monumentos, como a Sé ou a Igreja de S. Francisco, com a contemporaneidade de edifícios marcantes como a Casa da Música, o Museu de Serralves e outros.
O rio Douro atravessa a região. Entra em Portugal apertado entre as ravinas e montanhas do interior para percorrer toda a paisagem do Património Mundial onde se cultivam os vinhos do Porto e do Douro. Ali se cruza o vinho que segue até às Caves de Gaia e os cruzeiros que visitam a região.
Nesta região de montanhas e parques naturais, o património espalha-se por castelos, como o de Guimarães, ou por santuários e igrejas que no verão são palco de romarias. Ao lado de ermidas rurais encontramos o barroco do Norte de Portugal feito de granito e talha dourada. Em cidades que souberam preservar a escala humana, como Viana do Castelo, Braga, Lamego, Chaves ou Vila Real, ou em solares e casas senhoriais, encontramos o português mais autêntico, aquele que gosta genuinamente de receber, de partilhar a sua mesa e as tradições. No Porto e Norte de Portugal vive-se de forma natural a alegria e a gratidão por tudo o que temos e somos.
O Porto em poucos dias
Nuns breves dias de visita ao Porto, há locais que não podemos deixar de conhecer. No dizer de muitos visitantes, esta cidade tem algo de místico que dificilmente se consegue descrever e que varia conforme o local, a hora e a luz do dia.
Mas que passa seguramente pelas pessoas, conhecidas por serem liberais e afáveis no trato, assim como pelo Douro e o património das duas margens, com as suas pontes e monumentos, azulejos, varandas floridas e ruas de comércio. O centro histórico do Porto e a margem do rio Douro do lado de Gaia, onde ficam as caves do vinho do Porto, estão classificados Património Mundial.
A Estação de S. Bento, com o átrio forrado a azulejos, é ideal para iniciar um percurso. Pouco mais à frente fica a Sé, a não perder, de cujo terreiro se oferece a primeira vista sobre o rio, o casario e a outra margem. Dali podemos descer por escadinhas e ruas medievais até à Ribeira, com esplanadas e recantos pitorescos. Vale a pena ficar um pouco para sentir o ambiente e absorver o rio com a ponte D. Luís e a margem em frente, antes de entrar num cruzeiro sob as seis pontes do Porto. Depois de se ver do rio a silhueta do casario e das torres das igrejas, espera-nos o interior dourado da Igreja de S. Francisco. Bem próximo podem espreitar-se mais igrejas e monumentos, azulejos nas fachadas e visitar o Palácio da Bolsa. O elétrico parte junto ao rio para um percurso que segue até à Foz, onde se pode passear a pé e encher os pulmões de ar do mar. Ali começa a Av. da Boavista. Não longe fica Serralves, com jardins para passear ou descansar e exposições de arte contemporânea. O museu é obra de Álvaro Siza Vieira, um dos mais destacados arquitetos da Escola de Arquitetura do Porto, galardoado com o prémio Pritzker.
Junto à Rotunda da Boavista fica a Casa da Música, que se impõe pela sua forma arquitetónica e cartaz cultural. Nesta zona encontram-se boas lojas para compras. Mas também se encontram junto à Av. dos Aliados. No caminho ficam os jardins do Palácio de Cristal, com outra panorâmica sobre o rio, e o Museu Soares dos Reis. Outro jardim, cheio de esculturas, é o da Cordoaria, envolvido por igrejas e outros monumentos. Vale a pena subir à Torre dos Clérigos para nova vista sobre o Porto. Logo ali, a livraria Lello que inspirou histórias de Harry Potter. Continuamos a pé até aos Aliados, passando por lojas e prédios arte-nova. Após conhecer esta vasta avenida, vale a pena seguir até à Rua de Santa Catarina, só para peões, para fazer compras à vontade. O Café Majestic é ideal para uma pausa.
Ainda falta ir à margem sul do rio para visitar as caves do vinho do Porto e provar o vinho no seu ambiente peculiar. A partir da Ribeira, podemos atravessar a pé a ponte D. Luís e ver deste lado, uma das mais bonitas vistas sobre o Porto. E ainda se pode passear no teleférico de Gaia, que sobe e desce deste lado do rio.
Em termos gastronómicos, este lado do cais é uma boa opção, mas a Ribeira também fervilha de restaurantes e esplanadas, tal como a Foz, com belas vistas sobre o mar. Portugal conquista os turistas pela sua gastronomia, mas isso ainda é mais verdade no Porto e na região norte. Em qualquer restaurante, mais requintado ou mais popular, há a certeza duma boa refeição acompanhada pelos excelentes vinhos do Douro, ou pelo fresco vinho verde, característico da região.
O Porto à noite
O Porto é uma cidade cheia de animação, cujas noites têm fama além-fronteiras.
Nesta cidade cosmopolita encontramos restaurantes de todos os géneros para jantar, da cozinha tradicional à mais moderna cozinha de fusão a cargo de conceituados chefs. É um dado assente que se come muito bem no norte de Portugal e o Porto não é exceção. Desde a tasca mais simples ao restaurante mais sofisticado, tudo vai depender do nosso critério de escolha. Uma das especialidades do Porto é a célebre francesinha, uma sanduíche com vários recheios, coberta de molho, que não se encontra com facilidade no resto do país. Mas também são abundantes e recomendáveis os pratos de peixe e marisco frescos, assim como os de bacalhau, ou pratos de carne com destaque para “as tripas à moda do Porto” e o cabrito. Para entrada, é sempre apreciado um caldo verde, típico na região.
Depois de jantar há bares e discotecas com música para todos os gostos. Porém, se quisermos assistir a um concerto num ambiente irrepetível, não nos podemos esquecer da Casa da Música, cuja oferta variada atinge todos os públicos.
E há paisagens noturnas que não se podem perder. Claro que uma delas é a vista sobre o rio com as luzes da Ribeira e das Caves de Gaia refletidas na água, quer esteja num ou no outro lado do rio. É uma vista quase mágica, pelo que uma boa opção é jantar numa das margens, com vista para o outro lado e a ponte Luís I ao fundo. A Ribeira à noite fervilha de animação, sobretudo no bom tempo, com esplanadas e bares para todos os gostos.
Entre os locais especialmente conhecidos pela animação noturna, sobressaem, além da Ribeira, a Foz, alguns bares e locais carismáticos da Baixa portuense e, para estudantes e públicos mais jovens, a zona em volta dos Clérigos e da livraria Lello. Aqui, as Ruas da Galeria de Paris ou Cândido dos Reis são conhecidas pela sua oferta de bares e restaurantes, assim como a Praça Filipa de Lencastre, também na Baixa.
Na vida noturna do Porto reina a boa disposição e a animação prolonga-se até ao amanhecer, especialmente aos fins de semana.
Porto Top 10
Numa visita ao Porto há motivos que estão no topo de todas as preferências. Mas são muitos, por isso num top 10 do Porto indicamos os principais pontos de interesse que ficam quase todos dentro do centro histórico, classificado Património Mundial pela Unesco.
1. Av. dos Aliados
É o eixo principal do centro histórico do Porto, coroado pelo edifício da Câmara Municipal e enquadrado pela zona comercial mais tradicional da cidade. Nas redondezas o Café Majestic é de visita obrigatória.
2. Sé Catedral
Além da igreja começada no séc. XII, vale a pena visitar os claustros, cobertos de azulejos. Do terreiro, onde fica o pelourinho e outros monumentos, é soberba a vista sobre o Douro e o casario das duas margens.
3. Ribeira
É um do mais atrativos bairros do Porto, onde se sente um ambiente castiço e popular. Aqui pode iniciar-se um cruzeiro pelo Douro.
4. Igreja de S. Francisco
Principal templo de construção gótica da cidade, o Interior barroco é totalmente revestido a talha dourada.
5. Palácio da Bolsa
Bonito edifício do séc. XIX onde se destaca, para além do famoso Salão Árabe, o Pátio das Nações e a cenográfica escadaria nobre.
6. Torre dos Clérigos
É um dos monumentos emblemáticos do Porto, da autoria de Nicolau Nasoni, o mais conceituado arquiteto do período barroco do norte de Portugal. Do alto, a vista sobre a cidade e o rio merecem a subida.
7. Livraria Lello
Conhecida no mundo inteiro entre outras razões porque as suas escadas inspiraram a autora de Harry Potter, é considerada uma das melhores e mais bonitas livrarias do mundo.
8. Casa da Música
A sua arrojada arquitetura assinada por Rem Koolhaas e a diversificada agenda musical fazem dela um ícone do Porto.
9. Serralves
Lugar dum extenso parque muito bem cuidado e agradável, um Museu de Arte Contemporânea riscado por Álvaro Siza Vieira e uma casa em estilo art deco que deu nome à Fundação.
10. Foz
Além das praias, é um local de lazer e esplanadas à beira-mar, com uma pérgola que lhe dá um encanto especial nas fotografias.
Vale do Douro
O Vale do Douro também podia ser chamado de vale encantado tal a beleza e encantamento que as suas paisagens oferecem.
Com partida do Porto, onde o rio desagua e onde desaguam também os vinhos do Douro (de mesa) e do Porto (vinho generoso) produzidos nas suas encostas, podemos conhecer de várias maneiras esta Paisagem Cultural, classificada Património Mundial: por estrada, de comboio, num barco de cruzeiro, ou até de helicóptero. Nenhuma delas nos vai deixar indiferentes.
Num percurso pelos Miradouros que oferecem as melhores vistas, teremos que cruzar o rio de norte para sul e vice-versa. Mas no caminho podemos admirar paisagens deslumbrantes sobre o rio e visitar vinhas, vilas e aldeias até chegar a Miranda do Douro, onde o rio entra em Portugal.
Começamos por visitar em Vila Nova de Gaia as caves onde o vinho do Porto envelhece. Ficamos a conhecer um pouco melhor este vinho aproveitando, como não poderia deixar de ser, para provar o precioso néctar. E no rio ainda hoje podemos apreciar antigos barcos rabelo, os únicos que transportavam o vinho das quintas produtoras até à foz antes da construção das várias barragens que tornaram o rio navegável.
No Peso da Régua, o Museu do Douro dá-nos a conhecer outra perspetiva da cultura do vinho e da região. Não longe, mas na margem sul, fica Lamego, uma das mais bonitas cidades do norte de Portugal, situada na base duma imensa escadaria de azulejos azuis e brancos que leva ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios. No Pinhão, mesmo à beira do rio, a estação de caminhos de ferro é de visita obrigatória para ver os seus antigos azulejos dedicados à cultura da vinha.
Antes de chegar ao Pocinho, podemos fazer um desvio na margem sul para conhecer o castelo de Numão e apreciar a vista sobre o horizonte. Pouco mais a leste fica o Parque Arqueológico de Foz Coa, uma galeria de arte rupestre ao ar livre classificada Património da Humanidade, assim como o respetivo Museu em Vila Nova de Foz Coa.
Chegando a Barca de Alva entramos no Parque Natural do Douro Internacional já que o rio daqui até Miranda do Douro faz fronteira entre Portugal e Espanha. Neste percurso o rio corre apertado entre altas escarpas até chegar à pequena cidade raiana onde entra em Portugal.
Até Barca de Alva, o Alto Douro Vinhateiro é também a mais antiga região vinícola demarcada do Mundo. O rio fez a primeira obra cavando na terra os vales profundos, enquanto o Homem transformou as montanhas de xisto em terra e muros e nela plantou a vinha, verde no verão, cor de fogo no outono. Com uma sabedoria herdada de gerações, inclinou os terraços para que os raios de sol abracem as videiras e deem às uvas o calor de que o vinho precisa. Por isso dos frutos da terra e do trabalho do Homem se fez este vinho e esta paisagem únicos.